“Este ano decidimos partir para uma aventura: uma volta ao mundo em companhia das nossas filhas Marina e Helena, agora com 6 e 4 anos. Queríamos que neste período o mundo fosse a nova escola e passamos por diferentes culturas, climas e geografias. Além das vivências que pudemos proporcionar às nossas filhas nos 25 países que visitamos, tivemos o privilégio do convívio diário, de ver os vínculos se fortalecerem, de viver cada dia intensamente.
 
Foi um ano de aprendizados. Vimos que existem inúmeras formas de se viver a vida, nos conhecemos melhor, entendemos o que nos deixa felizes.

Estar juntos 24 horas por dia, nos conhecer mais profundamente e ajustar o que melhor funcionava para nossa família talvez tenha sido o maior desafio. Vivenciar diferentes culturas, comidas ou climas foi mais fácil do que imaginávamos depois que entendemos qual nosso ritmo ideal e a nossa forma de viajar.

Foram muitas e muitas horas em diferentes transportes, de ônibus, trem, motorhome, carro e avião. A cada nova casa era uma festa, as meninas saiam correndo para descobrirem onde iriam dormir e explorar cada cantinho. Sempre que contávamos que era hora de mudar vinham as perguntas: qual o nome do novo país? Faz frio ou calor? O que vamos encontrar lá?

As experiências neste ano foram as mais variadas, mas temos alguns países que nos marcaram, por diferentes motivos. Montenegro foi um que deixará saudades. É um pequeno país com menos de 700 mil habitantes, que recentemente se separou da Sérvia. Tem muitas semelhanças com a Croácia, mas recebe bem menos turistas. Sua área não é muito grande e pudemos conhecer suas principais regiões em um carro alugado.  

Ficamos 12 dias. Embora não faça parte da União Europeia o país adotou o euro. Achamos o país bem mais em conta que Croácia, Itália, França… Comemos diariamente frutos do mar a preços super convidativos. Boa parte da população local fala inglês e não tivemos nenhuma dificuldade na comunicação. Fomos muito bem recebidos, o país tem uma população muito amistosa e simpática. Nossas meninas estudam inglês então conseguem entender o que falam com elas. Ficam mais tímidas na hora de falar.

Iniciamos a viagem curtindo as praias da Baía de Kotor. Alugamos uma casa bem próxima ao mar, em um pequeno vilarejo. Como estávamos de carro pudemos ir cada dia a uma praia diferente e visitar a cidade medieval de Kotor e Perast. Passamos todos os dias maravilhados com o visual das altas montanhas ao redor das praias e as meninas se divertiram demais. Que criança que não gosta de sol e praia na companhia dos pais? Foi em Montenegro que elas aprenderam a comer peixinhos inteiros fritos, tipo manjubinha.

Depois da temporada de praia, seguimos por uma das estradas mais lindas que já vimos até o Lago Skadar. Foi o local que escolhemos para passar o aniversário de 6 anos da Marina. Em um pequeno barco, fizemos um delicioso passeio por suas águas para avistar pássaros aos montes. Seu bolo foi providenciado pelo dono da casinha que alugamos na beira do lago. Para nós teve um grande significado: estávamos longe do restante da família e de seus amiguinhos, mas unidos e felizes, em um lugar de natureza exuberante, que descobrimos que nos faz muito bem.   

 O próximo destino foi a região do Parque Nacional de Durmitor. São cenários de tirar o fôlego, com montanhas, florestas e lagos. Nesta volta ao mundo aprendemos a fazer trilhas com as meninas e virou um excelente programa em família. Sempre escolhemos trilhas fáceis, dentro da capacidade delas, e vamos preparados com lanchinhos para picnics e muito tempo disponível. Em Durmitor caminhamos por lugares incríveis e fizemos a maior aventura da viagem: uma tirolesa de 170 m de comprimento que atravessa o Cânion do Rio Tara, o mais profundo da Europa. As meninas amaram a adrenalina. Claro que pesquisamos bastante antes e pegamos uma empresa que já tem a tirolesa adaptada para crianças e pais irem juntos. Nesta região, encontramos frutas vermelhas sendo vendidas em todos os locais (framboesa, amora, mirtilo) e virou o lanche preferido das meninas.

 Recebemos muitas perguntas sobre quais países são melhores para viajar com crianças. A nossa experiência nos mostrou que qualquer viagem pode ser feita com crianças, desde que não seja um país perigoso/em guerra (que nem nós gostaríamos de visitar) e que os tempos das crianças sejam respeitados.

As meninas se divertiram em todos os locais. Brincaram em parquinhos de praças públicas, correram em parques, se divertiram em ruínas, visitaram igrejas, comeram comida local, subiram montanhas, aprenderam a fazer longas caminhadas e fizeram muitas perguntas, como toda criança deve fazer”.