Mahi Durel, dona da Wood, um brechó charmoso em Genebra onde funciona também uma barbearia descolada, admite que, antes de mais nada, é uma grande alquimista: mistura com prazer peças de diferentes épocas em seu apartamento, a maioria garimpada nos vários mercados de pulgas da cidade. Mãe de Nino, de 8 anos, e de Lou, de 14, ela desenhou para ambos espaços cheios de personalidade e sem fórmulas prontas. Tudo com estilo e total autoria.

– Para ele, usei uma cama alta que ganhei de presente e coloquei a escrivaninha embaixo, para conseguir espaço para brincadeiras. Em geral, ele senta ali no meio do quarto, e arma o seu “circo” em volta, precisa ter essa área livre para inventar suas histórias. Grande parte dos livros e objetos tem a filosofia do “recicle”, ou seja, são usados e foram garimpados nos mercados de pulgas. O Nino e a Lou adoram me acompanhar nas feiras e descobrir preciosidades únicas, que levam para casa e transformam em grandes tesouros. Não há necessidade de consumir o novo. O legal é redescobrir o antigo com um novo olhar. Essa é a nossa filosofia, na casa toda.

As paredes do quarto de Nino são brancas para ele preenchê-las com sua imaginação fértil, e há um tapete que virou quadro, estampado com um desenho que lembra a forma de animais (uma das paixões do pequeno rapaz). No quarto de Lou, as cortinas em tecido verde ganham um colorido mais vibrante com a entrada da luz pela janela. Na parede, há uma composição feita com placa e letras.

Já o ambiente de Mahi tem estatuetas de rostos africanos, que ela diz ser uma fonte inesgostável de inspiração. De resto, a simplicidade charmosa impera: a cama, desenhada por ela, fica próxima do piso, gavetões guardam as roupas, as bolsas se avolumam em um cabideiro e a coleção de objetos “estranhos”  ganha posição de destaque em cima do gaveteiro.

– Adoro esse apartamento. Meus filhos nasceram e foram criados aqui. Esse clima jovem retrô é a essência do jeito que gostamos de viver. E assim que entendemos o mundo: consumindo menos e reaproveitando mais.