“Minha mãe achava que eu não ia dar conta da viagem de avião para o Kawai, no Havaí. Realmente, ela caprichou: 12 horas até Los Angeles e mais 6 horas para Lihue. Mas eu tirei de letra! Na ida, fizemos uma pausa em Los Angeles, na casa de uns amigos, antes de prosseguir. Aproveitamos para ir às compras. A ideia era escolher roupas para o ano inteiro, já que minha mãe gosta de gastar com viagem e comida, mas economiza no meu guarda-roupa. Não sou muito desse tipo de programa, então abri logo um berreiro na Carter’s e outro na Babys’r us. Estava um frio congelante e eu adorei entrar num restaurante tailandês quentinho, para comer udon com legumes e carne cozidos em alga.

No dia seguinte, fomos ao zoológico de Los Angeles. Isso, sim, é um programa divertido! É enorme e tem uma infraestrutura ótima, com carrinhos de aluguel e sinalização. No terceiro dia, voamos para Lihue, onde pegaríamos um carro para a nossa temporada na ilha. Estávamos prestes a passar 25 dias em Hanalei Bay, simplesmente a praia mais bonita que meus pais já viram.

A casa seria nossa por 25 dias, então tinha que ser caprichada, né? Meus pais escolheram uma linda casa colonial, toda feita de madeira e colorida por fora. Uma típica havaiana com varanda, telhado inclinado e jardim tropical com gramado. Era também, apesar de ser suspensa do chão por pilares de madeira, segura para crianças. Perfeita para a gente se sentir local e também para caberem as pranchas do meu pai.

Rapidamente entramos no clima da ilha e usamos o mesmo par de sandálias todos os dias. Eu acordava às 7h da manhã e ia sempre conhecer uma praia, um farol ou parque novos. O almoço era no Harvest Market: uma espécie de Celeiro local com preço e qualidade incríveis. Depois, era hora do café com cookies na Hanalei Coffee Roasters. Na parte da tarde, meu pai escolhia a praia do surfe (que, em geral, eram Midles ou Kalihuaui), e ficávamos na areia brincando ou cochilando no carro aberto. O carro, aliás, era uma espécie de armário portátil que a gente colocava tudo que ia precisar no dia (de toalhas a comidas).

A hora mágica era o pôr do sol, quase sempre em Hanaley Bay, ora na praia, ora no píer. Lindo, lindo! De volta à casa, a gente ficava na varanda, fazendo grelhados na churrasqueira móvel – hábito tipicamente americano. Legumes e carnes iam direto pro fogo com os temperos.

Mas voltemos às praias: no Kawai, quase todas são lindas e têm um rio que desemboca nelas. Se você entra nesse rio com uma prancha de stand-up, inevitavelmente vai dar em alguma cachoeira escondida. Fiz alguns amigos na praia: a Orquid e o Ocean (filhos  de hippies locais) e o filho louríssimo de uma americana simpática do Oregon. Fica a dica: se você gosta de fazer amigos quando viaja, ter uma rotina ajuda muito!

Que mais? Conhecemos a biblioteca pública, que tem uma parte enorme para as crianças. Almoçamos dois ou três dias no Kilauea Fish Market, uma peixaria que vende o melhor ahi com wasabi e salada do planeta. Tomamos os famosos sucos tonificantes, verdes e orgânicos, da Kawai Juice Co. Deliciosos!

Uma das coisas que mais curti na minha viagem foi estar sozinha com meus pais durante um mês. Isso foi inédito na minha vida e na vida deles. Me fez lembrar que, antes de viajarmos, alguém falou para o meu pai: “A Stella é tão pequena, por que vocês vão levar ela nessa viagem? Ela nem vai lembrar depois”. E meu pai respondeu: “Talvez ela não lembre, mas a gente vai lembrar pra sempre”.”