Não há fórmulas nem temas no quarto de Antônia, de 6 anos, nessa casa confortável no bairro do Alto de Pinheiros (projeto do arquiteto Jorge Siemsen), em São Paulo. Nem precisa. Recheado de memórias de família, de bordados primorosos da avó Graça, o lugar é uma delícia: tem de tudo na composição da parede, muito livro na prateleira, mesinha baixa para desenhar, uma cama antiguinha de ferro tingida de rosa, almofadas de todos os tipos e colcha de crochê. Por todo o lado, há vida, personalidade e história. O que mais Antônia poderia desejar? Irmã de Maria, de 9 anos, e filha de Ana, ex-publicitária e mãe das mais prendadas que pilota a Lovely Tents (monta festas de pijama incríveis em tendinhas lindas) e também a Bertha Doll (de bonecas de pano), a pequena tem tudo para virar uma artista. Inspiração, ao redor, não falta.

– Antônia ama histórias, gosta de livros, de palavras e imagens. Ela desenha muito e até liberei a porta do quarto para funcionar como uma galeria. Gosto de ambientes mutantes, generosos e que brinquem e dialoguem com a realidade infantil – aponta Ana que, assim como a mãe, dona Graça, adora as artes manuais, os bordados, e customizou a lanterna japonesa de papel com fitinhas coloridas de diferentes texturas.

A mesa redonda no centro do quarto dá a pista para o principal passatempo por lá: os desenhos. Nas horas vagas, a menina é bailarina, hobbie que divide com a irmã. Aliás, foi dela que herdou a caminha baixa, mas o sofá de ferro, rosa-choque, foi comprado especialmente para dar um clima romântico no ambiente. Uma arara lotada de fantasias é um convite à imaginação da dupla. E, na parede, a composição que une todo tipo de “arte” é quase um álbum aberto da trajetória lúdica da família.

– Eu acabo reaproveitando móveis e enxovais que foram da Maria para a Antônia. Algumas coisas eram nossas antes do casamento ou ficavam em outros cômodos da casa. Mas foram ganhando novas feições e funções. Pra mim a casa é algo vivo. Não gosto dessa coisa de colocar o mundo de fora aqui dentro sem levar em conta o que somos. Tudo o que temos aqui foi herdado, comprado e preferencialmente feito de maneira muito carinhosa, carregando o que a gente é junto com a mobília – avalia Ana.